Sabemos que o carnaval brasileiro é uma das maiores festas do mundo, que reúne milhares de foliões, seja nos blocos de rua, nos desfiles de passarela, nas brincadeiras de rua ou atrás do trio elétrico. Mas as festas cresceram tanto que perderam as características de antigamente, das marchinhas, das fantasias improvisadas, das máscaras, dos desfiles de passarela, e em alguns municípios dos blocos organizados e das escolas de samba e principalmente do clima de tranquilidade nas ruas.

Preocupados com o desaparecimento dessas brincadeiras que sempre fizeram parte do carnaval de Codó, um grupo de produtores culturais (fazedores de cultura) que representam o expoente do carnaval tradicional codoense, estão incomodados com a ausência de incentivo para carnaval tradicional no município (blocos alternativos, blocos organizados, blocos afros, escolas de samba, concurso de fantasia, concurso de marchinhas, concurso para escolha do rei momo e rainha do carnaval) dentre outras brincadeiras que fazem parte da festa de Momo, resolveram se manifestar, falando ao blog a voz da negritude.

Para o Senhor Alverino Moreira Santos, presidente da ABESCO – Associação de Blocos e Escolas de Samba de Codó, “para muita gente é como se não tivesse carnaval, sei que o povo sente falta das escolas de samba e dos blocos, da batucada nas ruas, dos debates no rádio e na televisão, temos sido cobrado pela comunidade, mas não depende só de nós, temos que nos organizar melhor, no entanto o governo precisa ajudar incentivando financeiramente, sem essa ajuda a tendência é acabar tudo, o prefeito nos prometeu no seu primeiro ano de governo, mais até agora nada”, falou o presidente.

“Não podemos ficar inerte diante dessa situação de abandono e de descaso com o nosso carnaval tradicional, se é pra ter carnaval esse deve ser para todos, sobre tudo para os que vivem na periferia das políticas públicas, se o governo não pode ajudar, e quer sepultar a nossa cultura, precisamos reagir, nos manifestar, buscar outras alternativas apelando para a sensibilidade dos codoenses e não codoenses que tem compromisso com a cultura e com história” falou Francialdo Oliveira representante do Bloco Afro-vermelho. 

Os blocos organizados e as escolas de samba são consagrados a décadas em Codó, pretendemos resgatar essa tradição e arrastar a cada ano mais simpatizantes. “Queremos que essa tradição do carnaval nas ruas continue e ganhe força como em outras cidades do Brasil que investiram no resgate. Os blocos de foliões, as marchinhas, as fantasias e as Escolas de Samba são parte da cultura e da história do nosso município”, falou o Senhor Ruy Rey presidente da Federação Folclórica dos Municípios do Interior do Maranhão.

O estilista Aquiles, da escola de samba unidos de São Sebastião disse “tenho certeza que o Seu Ribinha Muniz, Teotonho Rocha, Plácido, Fatima Linhares, o carnavalesco Riba do estrela do oriente, e tantos outros que já se foram onde estiverem, estão muito triste a exemplo da gente que ama o carnaval das escolas de samba, que se dedicou a vida toda pra isso e agora ver tudo acabando por falta de apoio”.

Por tudo isso concluo essa matéria dizendo que sempre fiz parte desse  time que vem tentando resgatar a história dos velhos, bons e saudosos carnavais de Codó, mas confesso que o meu desapontamento é cada vez maior, pois o meu desejo de resgate tem perdido as batalhas, hora para a desorganização e falte de articulação e mobilização dos fazedores de cultura, hora para o poder público que prefere investir nas novidades introduzidas pela tecnologia que vem alterando os costumes e os hábitos culturais do nosso povo. Mesmo assim sugiro que é sempre bom valorizar e viver as experiências do passado, em harmonia com o presente, projetando o futuro. O Carnaval de Codó irá se renovar a cada ano mobilizando multidões.

Por: Augusto Serra

*Augusto Serra é Graduado em filosofia, Gestor e Produtor Cultural, Diretor do Departamento de Cultura de Codó, Presidente do Conselho Municipal de Cultura, foi Secretário de Cultura e Promoção da Igualdade Racial e conselheiro estadual de cultura.