A Fifa reconheceu nesta sexta-feira os títulos intercontinentais conquistados por clubes europeus e sul-americanos entre 1960 e 2004 como legítimos Mundiais. A decisão foi tomada em reunião do Conselho da entidade, em Calcutá, na Índia, e coloca fim a uma longa e controversa discussão: agora os títulos conquistados por Santos (1962 e 1963), Flamengo (1981), Grêmio (1983) e São Paulo (1992 e 1993) tem o mesmo peso para Fifa que os Mundiais de Clubes conquistados por Corinthians (2000 e 2012), São Paulo (2005) e Inter (2006). A Fifa, porém, deixou de fora torneios como a Copa Rio, vencida por Palmeiras e Fluminense na década de 50.

Em 2014, Joseph Blatter, então presidente da Fifa, atendeu a um pedido do ex-ministro do Esporte Aldo Rebello e enviou uma carta reconhecendo o título de 1951 do Palmeiras como uma “conquista mundial”. A Fifa, porém, esclareceu que, ainda que reconhecesse o valor das disputas passadas, apenas poderia reconhecer como “oficial” os torneios promovidos por ela. Isso significava que não apenas o de 1951 estava descartado, mas também as disputas entre sul-americanos e europeus entre 1960 e 2004.
O Flamengo campeão mundial de 1981
A Conmebol decidiu reagir e pedir oficialmente que o assunto fosse reconsiderado. Mas mesmo a entidade sul-americana reconhece que não tinha argumentos para defender que torneios antes de 1960 fossem considerados como oficiais. Alejandro Domínguez, presidente da entidade, explicou que o ano de 1960 foi escolhido por causa do início da Copa Libertadores nesta data – a competição definia quem era o representante da região no Mundial Interclubes.
O Mundial que o Palmeiras alega ter vencido ocorreu quando a Libertadores ainda não existia. A Copa Rio teve uma segunda edição realizada em 1952, vencida pelo Fluminense, que por isso também postulava o reconhecimento de campeão mundial. A oficialização da mudança desta sexta propiciou um caso curioso: o ano de 2000 passa a ter dois campeões mundiais: Corinthians e Boca Juniors.
Todos os campeões mundiais, segundo a Fifa:
1961 – Peñarol (Uruguai)
1962 – Santos (Brasil)
1963 – Santos (Brasil)
1964 – Inter de Milão (Itália)
1965 – Inter de Milão (Itália)
1966 – Peñarol (Uruguai)
1967 – Racing (Argentina)
1968 – Estudiantes (Argentina)
1969 – Milan (Itália)
1970 – Feyenoord (Holanda)
1971 – Nacional (Uruguai)
1972 – Ajax (Holanda)
1973 – Independiente (Argentina)
1974 – Atlético de Madrid (Espanha)
1976 – Bayern de Munique (Alemanha)
1977 – Boca Juniors (Argentina)
1979 – Olímpia (Paraguai)
1980 – Nacional (Uruguai)
1981 – Flamengo (Brasil)
1982 – Peñarol (Uruguai)
1983 – Grêmio (Brasil)
1984 – Independiente (Argentina)
1985 – Juventus (Itália)
1986 – River Plate (Argentina)
1987 – Porto (Portugal)
1988 – Nacional (Uruguai)
1989 – Milan (Itália)
1990 – Milan (Itália)
1991 – Estrela Vermelha (Sérvia)
1992 – São Paulo (Brasil)
1993 – São Paulo (Brasil)
1994 – Vélez Sarsfield (Argentina)
1995 – Ajax (Holanda)
1996 – Juventus (Itália)
1997 – Borussia Dortmund (Alemanha)
1998 – Real Madrid (Espanha)
1999 – Manchester United (Inglaterra)
2000 – Boca Juniors (Argentina) e Corinthians (Brasil)
2001 – Bayern de Munique (Alemanha)
2002 – Real Madrid (Espanha)
2003 – Boca Juniors (Argentina)
2004 – Porto (Portugal)
2005 – São Paulo (Brasil)
2006 – Inter (Brasil)
2007 – Milan (Itália)
2008 – Manchester United (Inglaterra)
2009 – Barcelona (Espanha)
2010 – Inter de Milão (Itália)
2011 – Barcelona (Espanha)
2012 – Corinthians (Brasil)
2013 – Bayern de Munique (Alemanha)
2014 – Real Madrid (Espanha)
2015 – Barcelona (Espanha)
2016 – Real Madrid (Espanha)
(com Estadão Conteúdo)