Bancos de sangue recebem doações durante todo o ano, e a transfusão pode salvar vidas

A medicina se beneficia cada vez mais do uso da tecnologia em diversos procedimentos, seja para gerar mais conforto para os pacientes, seja para agilizar resultados de exames. A própria internet se tornou um importante guia para clínicos, facilitando o acesso a diferentes tipos de conteúdos e informações. 

Por outro lado, ainda é necessário identificar quais fontes são relevantes e confiáveis, principalmente quando o assunto envolve vidas humanas. Recentemente, diversas campanhas atreladas à doação de sangue ganharam espaço na mídia, mas nem todos sabem da importância de uma transfusão sanguínea e de ter bancos de sangue sempre preparados para atender à demanda necessária.

A origem e importância da transfusão sanguínea entre humanos

Existem registros de transfusão de sangue em humanos desde o século XVII, onde os médicos da corte francesa utilizavam sangue de animais como porcos nesse tipo de procedimento. Não era incomum a transfusão resultar em sérios problemas de saúde ou até mesmo a morte do paciente, em razão da diferença entre as células animais e as humanas. 

Foi somente no início do século XIX que a transfusão de sangue humano foi feita pela primeira vez, em uma paciente com hemorragia pós-parto. Ainda assim, os tipos sanguíneos foram descobertos somente em 1900, permitindo ainda mais avanços em relação aos benefícios das transfusões, considerada a compatibilidade entre doador e recebedor.

A transfusão enquanto técnica da medicina possui diversas funções, entre elas a de salvar vidas. Pessoas vítimas de acidentes graves, hemorragias e envenenamentos que passam por transplantes de órgãos são exemplos de situações onde a transfusão tem papel fundamental no atendimento médico e na recuperação desses pacientes.

Entenda os critérios para ser um doador de sangue

No Brasil, qualquer pessoa pode ser doadora de sangue, desde que atenda aos critérios básicos estipulados pelos órgãos de saúde. Existem épocas do ano onde os bancos de sangue sofrem baixa, e a veiculação de campanhas do governo ou dos próprios hospitais visa atrair doadores para suprir a demanda. Os critérios básicos são:

  • ter entre 16 e 69 anos de idade, desde que a primeira doação tenha sido feita até 60 anos;
  • peso corporal entre 50 kg e 140 kg;
  • não estar em jejum, evitando alimentos ricos em gordura no mínimo 3 horas antes da coleta;
  • ter dormido por um período mínimo de 6 horas nas últimas 24 horas;
  • não ser portador de doenças como diabetes, labirintite, malária ou HIV;
  • não ser gestante ou lactante, em um intervalo de 12 meses.

A doação de sangue ocorre de forma bem similar a uma coleta convencional, com a diferença estando no tempo de duração, preparo e volume de sangue. Em relação à transfusão, cada caso é atendido conforme a necessidade, sendo de maior ou menor complexidade de acordo com a demanda, o tipo sanguíneo necessário e a resposta do paciente ao tratamento.

Entenda a polêmica sobre a doação de sangue por pessoas LGBTQIAPN+

Embora qualquer pessoa que atenda aos critérios mencionados possa doar sangue em um ponto credenciado, até certo tempo pessoas da comunidade LGBTQIAPN+, em especial homens homossexuais, eram impedidos de doar ou tinham seu material biológico descartado após informarem sua orientação sexual em formulários preenchidos na triagem. 

Em 2020, o STF considerou essa ação como inconstitucional, permitindo que pessoas que atendam aos critérios, independentemente de sexualidade, consigam doar sangue. O caso chamou a atenção pelo nível de discriminação, carregado de estigmas atrelados à epidemia de aids no mundo, que atinge não somente, mas em maior parte, pessoas de orientação homossexual. 

Nas ocasiões onde os doadores não eram impedidos de doar, era exigido um intervalo mínimo de 12 meses desde a última relação sexual com uma pessoa do mesmo sexo, mesmo o doador apresentando exames recentes comprovando a ausência de qualquer doença no sangue.