Na terça-feira (24) publicamos aqui no blog uma matéria com o título “Derrubada de árvores revolta a população de Codó”, a notícia liderou o ranking das mais acessadas dos últimos dias e o assunto foi amplamente comentado nas redes sociais.
A matéria mostrando a derrubada indiscriminada das árvores de Codó ascendeu um alerta na população que sabe a importância dos ecossistemas florestais para o desenvolvimento sustentável da humanidade.
Luciano França é especialista na área ambiental e um amante da natureza
A publicação chegou ao conhecimento do codoense Luciano França, que é formado em Engenharia Florestal e é um especialista na área ambiental. França, que atualmente estuda e mora em Porto, segunda maior cidade de Portugal, se posicionou contrário a derrubada das árvores de Codó.
O Engenheiro Florestal afirmou que a atitude da prefeitura foi tomada por falta de conhecimentos técnicos básicos e disse que outras medidas poderiam ter sido tomadas para evitar a derrubada das árvores que representarem risco de queda.
Confira na íntegra o que comentou Luciano França em nossa rede social:
“Intervenções desse tipo só acontecem quando faltam conhecimentos técnicos básicos para gestão de árvores urbanas! Na verdade, é isso mesmo que pode-se esperar de um município que não tem um Engenheiro Florestal (profissional especialista) para tratar das temáticas ambientais de utilidade pública, tais como estas. Nem toda árvore ‘antiga’ representa risco de queda! Se o apresenta, há inúmeras técnicas para retardar o máximo possível a necessidade de corte! É para isto que existe uma profissão no Brasil especializada no assunto! Para estudar, criar e aplicar técnicas de proteção florestal nativa e urbana. Plantar e/ou cortar árvores, qualquer um o faz! Mas faze-los de forma a garantir o sucesso da intervenção, gerir e manter sanidade da arborização urbana, é preciso suporte com base em conhecimento técnico. Em cidades civilizadas em termos de sustentabilidade, o que se faz é o tombamento de árvores importantes ecologicamente, ou seja, cria-se normativas sob forma de Lei municipal, ou mesmo com base no Código Florestal, e árvores que apresentam alto valor visual e importância sócio-ecológica, estas, ao invés de irem ao chão, como se faz em Codó, recebem placas de tombamento pela sua importância, mantendo-as protegidas por Lei contra o corte, havendo punição severa para àquele que o fizer, e obviamente tornando-se indivíduos prioritários aos cuidados necessários para prolongar seu tempo. Quanto ao vídeo apresentado, dispenso comentários sobre a péssima ergonomia do ‘motosserrista’ (certamente tampouco teve instrução técnica), da total falta de segurança no momento do abate da palmeira, tanto para o operador (sem EPI algum, quanto para os pedestres e veículos). Diante do que os colegas têm relatado, como engenheiro florestal digo-vos que o corte massivo de árvores públicas não é nem a primeira opção e tampouco a melhor quando se quer reformar a arborização urbana de uma cidade! Toda e qualquer intervenção deve ser planejada e analisada cuidadosamente. Lembrem-se que o serviço ambiental e social de uma muda plantada hoje em detrimento de uma árvore adulta cortada, somente começa a dar retorno à longo prazo”.