Há alguns anos, mencionar “influenciadores” como profissão seria motivo de ceticismo. Porém, à medida que as pessoas começaram a passar boa parte do tempo nas redes sociais, interagindo, consumindo e formando opiniões, isso mudou. O mercado se reconfigurou, e o marketing de influência surge como uma das áreas mais valorizadas, responsável por absorver uma fatia significativa dos investimentos das empresas.

Estudo conduzido pela plataforma brasileira Influency.me apontou a projeção de aumento dos investimentos em marketing de influência para 2024. A pesquisa foi feita com 300 participantes, incluindo influenciadores, agências, assessores e representantes de marcas. Deste total, 68% informaram que planejam ampliar os recursos que serão direcionados para a área.

A publicidade com influenciadores é uma estratégia em alta, que consiste na associação das marcas às pessoas influentes nas redes sociais para promover produtos ou serviços. Para além de dados quantitativos do relatório de mídias sociais, o marketing de influência está atento à forma como as marcas se conectam com o público.

Ainda de acordo com o estudo da Influency.me, fatores como humanização, branding e confiança do público-alvo impulsionam a escolha da abordagem. “É preciso garantir que os influenciadores escolhidos compartilhem valores semelhantes aos da marca. Isso ajuda a manter a autenticidade nas parcerias e a construir uma conexão genuína com o público”, orientou o CEO da Non Stop, empresa que atua no ramo de marketing de influência, Leandro Barankiewicz à imprensa. 

Influência de personalidades: Brasil ocupa 1º lugar no ranking

Boa parte dos consumidores brasileiros (43%) já efetuou compras por influência das recomendações de um influenciador digital, segundo pesquisa conduzida pela Cupom Válido, com informações das plataformas Statista e HootSuite. No ranking mundial estabelecido pelo levantamento, o Brasil ocupa o primeiro lugar em que as personalidades digitais exercem maior influência sobre o público.

A parceria entre a OEX, empresa que vende acessórios de tecnologia, e o influenciador Enaldinho é um exemplo de experiência de marketing de influência bem-sucedida. Para o diretor executivo, Marcelo Sztajn, a estratégia “permite que as marcas se conectem autenticamente com públicos específicos, gerando credibilidade, conversas e impacto significativo nas vendas”, afirmou em entrevista à imprensa. 

A internet viabiliza um engajamento direto entre o público e os influenciadores. O movimento gera uma conexão emocional que estimula a participação e o maior consumo dos produtos ou serviços promovidos. Assim, o interesse desperta uma curiosidade em experimentar tudo que é utilizado pelos influenciadores.

Barankiewicz ressalta que a relação entre influenciadores e seguidores pode ser um dos motivos para o sucesso do marketing de influência. “Influenciadores, muitas vezes, desenvolvem uma relação de confiança com seus seguidores. Quando eles promovem produtos ou serviços, a recomendação pode ser percebida como mais autêntica e confiável do que a publicidade tradicional.”

Micro e médios influenciadores são tendência

Embora as grandes celebridades pareçam ser a escolha mais evidente quando se pensa em influenciadores para uma empresa, esta não é a única opção. Levantamento da Tunad, em parceria com a Macfor, mostra que influenciadores com menor alcance também são uma boa aposta. Eles representam mais de 80% dos criadores de conteúdo do Brasil.

Mesmo sem o alcance massivo dos influenciadores de renome, os micro e médios criadores de conteúdo oferecem uma vantagem: a proximidade com o público tende a ser maior. Isso pode ser valioso, especialmente, quando o objetivo é direcionar a mensagem para nichos ou regiões específicas.

A Natura é um exemplo de marca que aposta em micro influenciadores. Recentemente, a empresa optou por colaborar com o influenciador Lucas Silvestre, que soma pouco mais de 20 mil seguidores no Instagram. Ele serviu como inspiração para tutoriais de maquiagem de Halloween e, de acordo com os dashboards, foi observado o aumento de 5,3% no alcance do post, em comparação com outras publicações do mês.

Outra marca antenada na tendência é a Monange, que fechou uma parceria com a influenciadora Laíris Trindade, reconhecida por seu conteúdo sobre moda, beleza e cabelos crespos. Embora ela tenha 108 mil seguidores, a quantidade é consideravelmente menor quando comparada aos 6,6 milhões do Enaldinho, por exemplo.  

A colaboração entre Laíris e Monange deu certo. A postagem foi destinada a promover a linha de cremes corporais de hidratação intensiva da marca. Segundo os dados fornecidos pela Tunad e pela Macfor, a análise comparativa entre o engajamento do post patrocinado e a média do mês revelou uma diferença positiva de 17,4%. 

Para o CEO da Tunad, Cesar Sponchiado, colaborar com influenciadores é uma maneira de envolver o público. “Eles têm uma conexão autêntica e de confiança com seus seguidores, o que facilita a promoção eficaz de produtos e ideias alinhadas com os interesses de sua audiência”, explica em entrevista à imprensa.