Em dezembro de 2022, o ator Pedro Paulo Rangel faleceu depois de uma luta de 20 anos contra uma doença, até então, desconhecida: a doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC). O artista foi diagnosticado em 2002, quatro anos após parar de fumar. Silenciosa, a patologia é a terceira principal causa de morte no planeta, e fumantes habituais têm 90% de chance de desenvolvê-la, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS).

A DPOC se caracteriza pela redução do fluxo de ar quando o indivíduo expira. Isso ocorre em decorrência do estreitamento das vias aéreas, por bloqueio ou obstrução, e costuma ser uma resposta do organismo à inalação de substâncias tóxicas, como as do fumo. O cigarro é apontado pelos órgãos de saúde como a principal causa da doença.

Quem não fuma ou não é fumante passivo – pessoa que tem contato com a fumaça de cigarro em ambientes fechados – também pode sofrer com a DPOC, mas os casos são mais raros e estão relacionados à exposição ocupacional a substâncias tóxicas, como gases, poeira e produtos químicos, e à deficiência de alfa-1 antitripsina.

A DPOC é silenciosa. Seus sintomas podem ser confundidos com cansaço ou apenas como reação ao hábito de fumar. Tosse crônica com secreção mais intensa pela manhã, falta de ar por esforço físico em atividades cotidianas, pigarro e respiração ofegante são alguns deles. 

De acordo com as autoridades de saúde, a redução do fluxo de ar causada pela DPOC é persistente e contínua e, por isso, tende a piorar com o tempo. Dessa forma, pode provocar outras doenças, como infarto e acidente vascular cerebral (AVC). A DPOC também é um fator de risco para o agravamento da Covid-19.

Cigarro tem mais de 4 mil substâncias nocivas 

O cigarro é uma mistura de mais de 7 mil substâncias, sendo 4.720 delas prejudiciais, conforme informações do Ministério da Saúde. Nicotina, alcatrão e monóxido de carbono são algumas das mais conhecidas. Pelo menos 43 toxinas do cigarro são cancerígenas, como arsênio, níquel, benzopireno, cádmio, chumbo e substâncias radioativas.

Os malefícios do cigarro são sistêmicos, já que ele obstrui os vasos sanguíneos e impede a circulação de nutrientes e oxigênio. Embora tosse e falta de ar sejam os sintomas mais notáveis, o fumo está por trás de diversos problemas sérios, que podem ser fatais, como a DPOC e o câncer no pulmão.

Ambas as doenças não são causa e consequência uma da outra, mas estão relacionadas com o hábito de fumar. Porém, a doença pulmonar prévia é um fator de risco significativo para o surgimento da neoplasia. 

Por vezes, as duas patologias podem acometer o organismo ao mesmo tempo, o que pode impedir ou atrasar o transplante pulmonar, além de diminuir a sobrevida do paciente.

DPOC tem cura?

A doença não tem cura, mas o controle, por meio de medicamentos e fisioterapia, contribui para uma melhor qualidade de vida do paciente. O tipo de cirurgia mais comum para tratá-la é o transplante pulmonar, que costuma ser indicado quando a doença está relacionada ao enfisema pulmonar.

Quando o tratamento não traz os resultados esperados ou a doença já está num estágio mais avançado, o médico avalia se há  necessidade de transplante.

Quais as chances de sobrevida?

A resposta depende de vários fatores, como o comprometimento pulmonar e a procura por tratamento. Quanto maior o comprometimento, menos chances o paciente tem de sobreviver. Se ele procura por tratamento assim que percebe os primeiros sintomas, a sobrevida é maior.

Parar de fumar é essencial, conforme alerta o Ministério da Saúde. Senão, o organismo continuará absorvendo uma intensa quantidade de toxinas que obstruem as vias respiratórias.

A orientação do órgão é para que o paciente, assim que perceber uma tosse persistente e com muco ou qualquer outro sintoma relacionado à doença, procure por um pneumologista.