Por 10 votos contra 5, o Conselho de Ética da Câmara arquivou, nesta quarta-feira (27), a representação do PL contra o deputado Márcio Jerry (PCdoB-MA). O parlamentar foi acusado de assédio pela deputada Júlia Zanatta (PL-SC), mas o relator do caso, deputado Ricardo Maia (MDB-BA), entendeu que não havia justa causa para seguir o processo.

“Decisão importante para esclarecer de vez a grave e absurda acusação de que eu teria cometido assédio contra deputada bolsonarista. Vitória da verdade e da justiça”, afirmou Márcio Jerry em suas redes.

Em abril deste ano, após uma audiência pública da Comissão de Segurança Pública, a deputada bolsonarista acusou levianamente Jerry de assédio, depois que o parlamentar chega perto de Zanatta para pedir respeito aos 40 anos de mandato de Lídice da Matta (PSB-BA), que no momento discutia com a bolsonarista.

Para produzir fake news, eles congelaram um frame do vídeo para forjar que o deputado colocou a cabeça no “cangote” da bolsonarista.

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O relator do processo no Conselho de Ética afirmou não ter visto “a conduta da denúncia de assédio” e que o caso poderia ter sido resolvido com diálogo entre as partes. “Seria um erro de um diálogo, não de acusar aqui no Conselho de Ética. Como relator, permaneço com meu voto pela absolvição do nobre colega Márcio Jerry”, disse Ricardo Maia na sessão.

Para a líder da bancada do PCdoB na Câmara, deputada Jandira Feghali (RJ), os embates ideológicos na Casa têm se transformado em manipulações de imagens, de notícias falsas, de indução de ameaças.

“Estou vivendo isso neste momento pela manipulação de um vídeo na CPMI [doa atos golpistas]. Estou sendo ameaçada de morte e contra a minha integridade física, porque essa é a chamada época da pós-verdade. As pessoas dizem o que querem e depois, independente da realidade, manipulam as imagens, ferem a dignidade das pessoas, botam em risco a sua própria vida e acham que a pessoa ainda tem que se desculpar pelo crime que não cometeu”, afirmou a parlamentar em referência também à atitude da deputada Júlia Zanatta desde o episódio.

Jandira reiterou que caso o deputado tivesse assediado a parlamentar, o PCdoB seria o primeiro a puni-lo. “Não podemos nos utilizar do fato de sermos mulheres para transformar em crime o que não é crime, e jogar pelo lixo a dignidade e inclusive a família. Se ele tivesse cometido esse crime, eu sou a líder da bancada, ali era o primeiro lugar que ele seria punido, seria na nossa bancada e no nosso partido. Mas em nenhum momento formamos essa convicção, não só por conhecê-lo, mas por olhar as imagens. Transformar a atitude dele num crime de importunação sexual, de violência política de gênero, em assédio, é desrespeitar o feminismo e tira sua credibilidade”, concluiu.

Para a deputada Alice Portugal (PCdoB-BA) lamentou a denúncia feita contra o correligionário. “É uma denúncia muito pesada. Jerry compreende as regras do feminismo, jamais seria capaz de uma atitude dessas. Então, eu venho de maneira muito clara dizer que as teses do feminismo não podem ser banalizadas. Não houve assédio, não houve importunação, houve a defesa da fala da deputada Lídice da Mata”, destacou.

Na sessão, o deputado Márcio Jerry ainda pediu desculpas para a deputada Júlia Zanatta pelo ocorrido. “Não fiz aquilo que nas narrativas de internet se disse, que eu teria dado um cheiro no cabelo da deputada. Jamais faria isso. Mas reconheço que talvez poderia ter tido uma abordagem com mais cuidado. Mas se este fato gerou algum desconforto, como eu já disse na reunião que foi apresentado relatório, problema algum eu tenho de pedir desculpas à senhora”, declarou.

Apesar do pedido, a deputada Júlia Zanatta manteve o tom agressivo durante toda a sessão.